Enquanto o principal índice de preços registra deflação, a alta dos alimentos pesa no bolso dos mais pobres. O preço dos alimentos acumulou neste ano inflação de 3,70%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou 0,16%.

O problema é que quanto menos se ganha, mais se compromete o orçamento com a compra de comida, fato registrado pelas pesquisas de inflação, inclusive a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede o IPCA.

Famílias de baixa renda consumem 22% da renda com a compra de alimentos. Já os mais abastados destinam apenas 7,6%.

Em um ano, a mordida no orçamento com a compra de alimentos cresceu ainda mais: 6,48% – o triplo da média da inflação no mesmo período, de 1,88%.

A forte queda nas cotações de petróleo têm pressionado o índice de preços para baixo. Gasolina e diesel ficaram mais baratos, em 4,35% e 6,44% e 5,96%, respectivamente, somente em maio.

O peso de gastos com transportes é significativo no cálculo de inflação, o que foi decisivo para o IPCA recuar 0,38%, na maior deflação já registrada para um mês de maio. Outros produtos como roupas e passagens aéreas também ficaram mais baratos, com a forte queda na demanda provocada pelo isolamento social.

O INPC, que mede preços com ponderação mais adequada para famílias mais pobres, fechou maio com deflação menor que a do IPCA, de 0,25%. Na cesta de compras de famílias com renda de um a cinco salários mínimos, os alimentos subiram 0,40% em maio.

Com preços dos alimentos em alta, a deflação não é sentida pelos mais pobres, pelo contrário. A sensação é de que a inflação aumentou, mais ainda para quem perdeu o emprego por causa da quarentena imposta pelo coronavírus.

O IBGE mostrou na última pesquisa de empresa que cerca de 4,9 milhões de brasileiros perderam a ocupação em abril.