A reportagem da Agência Nossa procurou as secretarias estaduais de Meio Ambiente e Saúde da Bahia para esclarecer quais são as medidas tomadas para a realização do monitoramento dos índices dos princípios ativos presentes na água previsto em lei, uma vez que o estado é considerado um dos maiores produtores agrícolas do Brasil e levanta preocupações pelo que o uso dos agrotóxicos em suas lavouras pode causar nas águas do estado.

O estado aumentou de 43 para 53 o total de municípios monitorados, e planeja ampliar o número para 73 neste ano. A expansão é significativa, mas ainda representa menos de um quinto do universo de cidades baianas.

“Esclarecendo que, em função de limitação da disponibilidade laboratorial, não é realizado monitoramento nos 417 municípios, mas em municípios definidos por critérios técnicos e epidemiológicos”, explica a sanitarista da Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental/DIVISA da Bahia Tania Cordeiro em resposta por e-mail à Agência Nossa.

“De acordo com o que foi solicitado, informamos que o estado da Bahia realiza o monitoramento de resíduos de agrotóxicos na água para consumo humano para os parâmetros previstos na Portaria de Consolidação nº 5, Anexo XX, tendo ampliado de 53 municípios em 2020, para 74 em 2021 (04 coletas/ano), mas também são realizadas análises de outros parâmetros importantes não constantes da Portaria. Os municípios são incluídos de acordo com a disponibilidade do Laboratório de Referência articulado pelo Ministério da Saúde, no caso da Bahia, a FUNED/MG e de critérios técnicos e epidemiológicos. Os municípios são orientados a registrar os resultados no Sisagua e monitorar os dados semestrais da prestadora do serviço de abastecimento de água.”

Estado preocupa pesquisadores

No estudo “Panorama da Contaminação Ambiental por Agrotóxicos e Nitrato de origem Agrícola no Brasil Cenário 1992/2011”, publicado em 2014, os pesquisadores Robson Barizon Marco Gomes afirmam que a Bahia, por ser um dos estados brasileiros que possuem agricultura intensiva, despertava atenção sobre o seu cenário de possível contaminação das águas por agrotóxicos.

A Bahia é o maior produtor de cacau do País e o segundo de algodão. Também se tornou grande produtor de soja e milho.

Segundo a pesquisa, o cenário mais crítico estava relacionado ao Aquífero Urucuia, localizado em sua maior parte no oeste do estado da Bahia, na margem esquerda do rio São Francisco. O aquífero ultrapassa os limites estaduais e está presente no extremo norte de Minas Gerais, extremo leste de Goiás e de Tocantins e extremo sul do Piauí e do Maranhão.

“Eu não retiraria nenhum estado deste estudo, pois o panorama permanece o mesmo. As novas fronteiras agrícolas no país, como por exemplo a “Matopiba”, estão incluídas também neste cenário de preocupação”, aponta o pesquisador da Embrapa. A Bahia é um dos estados da região.