Brinquedos, quilhas de pranchas de surf, bancos de praça. O plástico acumulado que mata tartarugas, golfinhos, entre outras espécies marinhas, tem sido retirado do mar para ser transformado em objetos variados. A iniciativa, da Eco Local Brasil, já recolheu mais de 70 toneladas de plástico dos oceanos.

A organização transforma o lixo das praias em matéria-prima para a confecção de objetos desde 2018, quando criou uma empresa para fazer o gerenciamento do material por categorias.

Desde 2002, a Eco Local Brasil é responsável por ativações ambientais de limpeza de praia, principalmente no litoral Sul e Sudeste do Brasil.

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No estado do Rio, a organização já atuou em Saquarema (RJ), na praia do Leme e da Macumba, na capital. Mais recentemente, a organização atuou na Praia de São Francisco, em Niterói, em parceria com o projeto Grael.

“Nós entendemos que seria importante também sermos responsáveis pelo transporte e por dar um destino final àquilo que a gente coleta”, afirma o fundador da ONG, Filipe Oliveira. “O que nós entendemos, como ONG, é que não basta ficar apontando para o problema. É preciso também chegar com a solução. Por isso a gente encabeçou essa responsabilidade.”

Segundo Oliveira, a Eco Local Brasil é a única instituição na América Latina que transforma plástico dos oceanos em matéria-prima sustentável.

Brasil aumentou em 10% volume de plástico reciclado antes da pandemia. Foto: divulgação

A equipe da ECO Local Brasil vai às praias e faz a limpeza das orlas, coletando quilos de lixo. Quando finalizada a limpeza, a equipe leva os resíduos para o espaço em que o lixo é separado. Essa separação classifica o lixo de acordo com sua cadeia produtiva.

A organização ainda conta com uma rede de parceiros em todo o litoral Sul e Sudeste, que lhes enviam resíduos recolhidos.

Na cadeia do plástico, eles lavam os resíduos, os trituram e os moem, para a produção dos grãos pellets. Dessa forma, o plástico é transformado em matéria-prima, para que os produtos sejam desenvolvidos.

Os produtos ajudam projetos sociais e outras instituições.

Em 2019, o Brasil reciclou 10% a mais em relação a 2018, com um total de 838 mil toneladas de plástico, de acordo com pesquisa realizada do PICPlast.

Os pellets são utilizados no transporte marítimo de comércio e logística internacional. Eles são depositados nos contêineres que guardam os bens materiais, para que o produto não seja danificado na viagem.

Pellets perdidos no oceano

No entanto, uma quantidade significativa dos pellets escapa dos contêineres durante o trajeto. Eles caem na água e, depois de um tempo, chegam até à orla. Por ano, bilhões de toneladas de pellets são utilizados por grandes empresas transportadoras no mundo.

A redução do uso de pellets pelas empresas, além da coleta manual por organizações como a Eco Local Brasil, seria uma maneira de diminuir o impacto da poluição no meio ambiente. Segundo Filipe Oliveira, o processo de redução não é fácil.

“Não tem muito o que fazer: é igual plástico; ele é indispensável, a gente não vive sem o plástico. A transportadora precisa vender o transporte, ela precisa usar o pellet. Ela pode tentar criar alguma campanha para reduzir o uso, mas, por enquanto, o pellet é indispensável.”

Atenta a essa preocupação, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) é licenciadora do Programa Pellet Zero no Brasil, e tem a Braskem como signatária. A iniciativa tem como objetivo prevenir a perda de pellets nos oceanos, para reduzir a poluição.