Ao longo dos últimos anos, programas criados com o objetivo de estudar e elaborar políticas de combate à fome sofreram cortes que têm contribuído para a agravar o problema que o Brasil voltou a enfrentar. Somada à deteriorização do mercado de trabalho e à disparada da inflação, a redução dessas políticas trouxe de volta o fantasma da desnutrição. 

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), vigente desde 1955, que possui o objetivo de oferecer recursos para creches e escolas, garantindo refeição para os alunos, considerado referência mundial, foi um a sofrer desfalques. Uma parcela de 30% da renda desse programa era destinada à aquisição de alimentos de pequenos produtores rurais.

A mudança no Fundeb, em março de 2020, trouxe cortes orçamentários de 75% em recursos de alimentação. Com o corte, muitos agricultores perderam as encomendas e passaram à condição de fome. Com as aulas retornando após 18 meses de pandemia, alunos e funcionários também sofrem com o corte do PNAE.

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Além do PNAE, outros programas vêm sendo afetados. O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) foi totalmente extinto em setembro de 2019, primeiro ano do mandato do presidente Jair Bolsonaro. O órgão criado em 1993 no governo Itamar Franco e reorganizado em 2003 no governo Lula era responsável por organizar as diretrizes a serem tomadas para  políticas alimentares.

*Os autores desta reportagem são estudantes de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) sob coordenação da jornalista Larissa Morais.

Edição de Sabrina Lorenzi